[P�gina da IACM]


Boletim da IACM de 19. Fevereiro 2015

EUA: A Academia Americana de Pediatria diz que a cannabis tem valor medicinal para algumas crianças

A Academia Americana de Pediatria (AAP), que tem o maior programa de edição pediátrica do mundo, recomenda a descriminalização da cannabis e defende que esta poderia ser boa para algumas crianças, lê-se numa declaração recente. "A AAP opõe-se à cannabis medicinal fora do processo de regulamentação da EUA Food and Drug Administration", diz o novo comunicado. No entanto, reconhece-se que as crianças com algumas doenças poderiam retirar benefícios do acesso à cannabis.

"Não obstante opor-se ao seu consumo, a AAP reconhece que a cannabis pode, nos dias que correm, ser uma opção para a administração de canabinóides em crianças com doenças fortemente debilitantes ou que lhes condicionam seriamente a vida - e para as quais as terapias atuais são insuficientes", continua o comunicado. "A ilegalidade da cannabis levou à prisão a centenas de milhares de adolescentes, com sobre representação de jovens de minorias", acrescenta-se. "Um registo criminal pode ter efeitos negativos ao longo de toda a vida de um adolescente que não tem mais histórico de justiça criminal. Estes efeitos podem incluir inelegibilidade para os empréstimos da faculdade, habitação, ajuda financeira, e certos tipos de empregos."

UPI de 26 de Janeiro de 2015

Huffington Post 26 de Janeiro de 2015

Alemanha: Governo pretende facilitar o uso medicinal da cannabis

O governo quer facilitar o acesso dos pacientes a cannabis para fins terapêuticos. "É meu objectivo que, de futuro, haja mais pessoas com acesso à cannabis como medicamento do que hoje", disse em entrevista a Comissária das Drogas do Governo Federal, Marlene Mortler (dos Democratas Cristãos, partido conservador). O ministro federal da Saúde, Hermann Grohe (dos Democratas Cristãos), anunciou uma alteração da lei, que também visa esclarecer os reembolsos pelos seguros de saúde. De acordo com Marlene Mortler, pretende-se que os seguros de saúde cubram o custo da cannabis em casos em que o seu uso esteja clinicamente justificado. A comissária tenciona apresentar um projecto de lei ao Bundestag, o parlamento alemão, ainda este ano, para que a lei possa entrar em vigor no próximo ano.

Mortler disse que "não é fácil" decidir quem realmente precisa de cannabis como medicamento. "Queremos que as pessoas gravemente doentes, que só encontram alívio no uso de cannabis medicinal, sejam bem tratados", disse Hermann Grohe. Além da questão do reembolso por parte dos seguros de saúde em casos de necessidade médica, precisa ser esclarecida a forma de "prevenir eficazmente o abuso". Representantes de todos os partidos políticos com assento parlamentar, advogados dos pacientes, o presidente da Associação dos Médicos Alemã, Dr. Frank Ulrich Montgomery, entre outros, saudaram a iniciativa. No entanto, os planos detalhados do governo federal ainda não são conhecidos. "Infelizmente, não esperamos, com base na informação disponível, que o Governo Federal dê mais algum passo para melhorar a situação dos pacientes do que daqueles a que é obrigado pelos processos actualmente em tribunal. É óbvio que quer impedir a execução de uma decisão judicial esperada em 2016, que provavelmente irá permitir o auto cultivo de cannabis por pacientes, se as leis permanecem como estão actualmente", afirmou o presidente da associação para o uso medicinal da cannabis (Association for Cannabis as Medicine - ACM), Dr. Franjo Grotenhermen, numa primeira análise.

Die Welt de 3 de Fevereiro de2015

Ciência/Humanos: O uso diário de cannabis por adolescentes e adultos não está associado a massa cerebral reduzida

O consumo diário de cannabis não está associado ao encolhimento do cérebro quando controlados os efeitos do consumo de álcool em pessoas que tanto bebem como fumam cannabis, revela um novo estudo conduzido por neurocientistas da Universidade do Colorado, em Boulder. Dr. Kent Hutchison, autor sénior do estudo, disse que sua equipa analisou uma série de artigos científicos que defendiam que a cannabis provoca o encolhimento de diferentes partes do cérebro, e descobriu que os estudos não são consistentes.

“Até à data, não há grandes evidências de que se verifiquem essas grandes alterações de volume” do cérebro, afirmou Kent Hutchison, em entrevista à Reuters. O estudo examinou, em particular, uma publicação lançada o ano passado por investigadores da Universidade de Northwestern que identificaram alterações no núcleo accumbens e na amídala - regiões do cérebro que são essenciais para regular as emoções e a motivação - em pessoas que fumavam de um a sete cigarros de cannabis por semana. A equipa de Kent Hutchison tentou replicar esses resultados, recrutando dezenas de adultos e adolescentes aos quais eram feitos exames com recurso à captação de imagens do cérebro, sendo os exames dos consumidores diários de cannabis comparados com os dos não consumidores. Mas disse que optaram por uma abordagem diferente para despistar os efeitos do álcool. "Não encontrámos qualquer evidência de diferenças de volumes do accumbens, da amígdala, do hipocampo ou do cerebelo entre os consumidores diários e os não consumidores, em adultos ou adolescentes", lê-se no estudo de Kent Hutchison.

Weiland BJ, Thayer RE, Depue BE, Sabbineni A, Bryan AD, Hutchison KE. Daily marijuana use is not associated with brain morphometric measures in adolescents or adults. J Neurosci 2015;35(4):1505-12.

Reuters de 4 de Fevereiro de 2015

Not�cias

Ciência/Humanos: O consumo de cannabis foi associado a uma diminuição do risco do cancro na bexiga
Num estudo com 84.170 homens com idades entre os 45 e os 69 anos, o uso de cannabis foi associado a uma redução de 45% na incidência de cancro na bexiga, enquanto o uso do tabaco foi associado a um aumento de 52% do risco de cancro. Os autores concluíram que "o consumo de cannabis pode estar inversamente relacionado com o risco de cancro na bexiga nesta população."
Kaiser Permanente Medical Center, Los Angeles, EUA.
Thomas AA, et al. Urology 2015;85(2):388-93.

EUA: Médico de topo dos EUA diz que a cannabis pode ser útil em algumas condições clínicas
O médico de topo dos Estados Unidos disse que a cannabis pode ajudar alguns pacientes. "Nós temos alguns dados preliminares que mostram que, para certas condições clínicas e sintomas, a cannabis pode ser útil", disse o Cirurgião Geral dos Estados Unidos, Vivek Murthy, numa entrevista. O Cirurgião Geral dos EUA é o responsável máximo do Public Health Service Commissioned Corps - PHSCC, uma das sete forças uniformizadas dos Estados Unidos, como o Exército ou a Força Aérea, e, por isso, o principal porta-voz do governo federal em questões de saúde pública.
Reuters de 4 de Fevereiro de 2015

EUA: Conferência do conselho americano para as plantas medicinalmente activas
O conselho americano para as plantas medicinalmente activas (American Council for Medicinally Active Plants - ACMAP) está a convidar os membros do IACM a apresentarem resumos para a sua próxima conferência, agendada para Junho de 2015, em Spokane, Washington. O prazo para apresentação dos resumos para contribuir com uma palestra ou cartaz é de 15 de Março de 2015. Mais informação no site da ACMAP

República Checa: Conferência sobre a cannabis medicinal
Haverá uma conferência sobre " Canabinóides e Cannabis Medicinal " de 4 a 7 de Março de 2015, em Praga. Pretende-se fundar, durante a conferência, uma associação dedicada ao uso medicinal da cannabis. Mais informações no site da conferência

Ciência/Células: Endocanabinóides matam células do cancro da próstata
Os endocanabinóides 2-AG (2-araquidonoil glicerol) e um análogo sintético da anandamida, a metanandamida, induziram a morte celular programada em células de cancro da próstata.
Faculdade de Medicina da Universidade do Chile, Santiago, Chile.
Orellana-Serradell O, et al. Oncol Rep. 2015 Jan 21. [na imprensa]

Ciência/Humanos: O consumo de cannabis pode ter efeitos negativos sobre a evolução da psicose
Num estudo de três anos com 678 pacientes que sofrem de psicose, o consumo de cannabis teve um efeito negativo duradouro na evolução da doença, sobretudo quando persistente.
Centro de Medicina Académica, Amsterdão, Holanda.
van der Meer FJ, et al. Psychol Med. 2015 Feb 5:1-12. [na imprensa]

Ciência/Humanos: Consumo de cannabis associado a melhor humor e menor funcionamento global na doença bipolar
Num estudo que durou um ano, o consumo de cannabis foi associado a um nível de humor mais elevado e a um menor funcionamento global em 62 pacientes com doença bipolar.
Hospital Universitário e Instituto de Medicina Clínica da Universidade de Oslo, na Noruega.
Kvitland L, et al. BMC Psychiatry 2015;15(1):11

Ciência/EUA: Diminuição significativa do risco percebido por consumo de cannabis
Entre 2002 e 2012, houve uma diminuição significativa na percepção do risco associado ao consumo, ocasional ou regular, de cannabis nos EUA. Menos idade, sexo masculino e consumo no último mês são factores que surgiram altamente associados a uma percepção diminuída do risco.
Faculdade de Medicina da Universidade de Drexel, Filadélfia, EUA.
Okaneku J, et al. Clin Toxicol (Phila). 2015 Feb 3:1-5. [na imprensa]

Ciência/Humanos: Desregulação do sistema endocanabinóide em pacientes com anorexia nervosa
Num estudo com 14 pacientes com anorexia nervosa, os efeitos da ingestão de alimentos sobre os níveis de alguns endocanabinóides em pacientes com anorexia nervosa diferem dos efeitos em indivíduos saudáveis.
Departamento de Psiquiatria da Segunda Universidade de Nápoles, Itália.
Monteleone AM, et al. Am J Clin Nutr 2015;101(2):262-9.

Ciência/Células: O bloqueio do receptor CB2 diminui a proliferação do cancro das células plasmáticas
Um agonista inverso sintético (fenilacetilamida) do receptor CB2 inibiu a proliferação de células de mieloma múltiplo humano mediadas por indução de morte celular programada (apoptose). O mieloma múltiplo é um cancro das células plasmáticas, um tipo de glóbulos brancos.
Universidade de Pittsburgh, Pensilvânia, EUA.
Feng R, et al. Mol Carcinog. 2015 Jan 16. [na imprensa]

Ciência/Animais: CBD reduziu a inflamação num modelo animal de esclerose múltipla
O tratamento, quer com CBD (canabidiol), quer com AEP (palmitoiletanolamida) num modelo de esclerose múltipla em ratinho reduziu a gravidade da doença e diminuiu a inflamação. No entanto, a combinação de CBD e PEA foi menos eficaz do que o uso isolado de qualquer de elas.
Faculdade de Ciências Médicas Shahid Beheshti, Teerão, Irão.
Rahimi A, et al. Neuroscience. 2015 Jan 27. [na imprensa]

Ciência/Humanos: Palmitoiletanolamida aumenta o nível de 2-AG no sangue
A PEA (palmitoiletanolamida) elevou significativamente os níveis do endocanabinóide 2-AG no sangue, em humanos e cães. O 2-AG exerce seus efeitos através da activação dos receptores de canabinóides e canais TRPV1 (receptores vanilóides). Os autores concluíram que "estas observações podem explicar porque é que vários efeitos da PEA podem ser atenuados por antagonistas do receptor canabinóide ou de canais TRPV1 ".
Endocannabinoid Research Group, Instituto de Química Biomolecular, Consiglio Nazionale delle Ricerche, Pozzuoli, Itália.
Petrosino S, et al. Br J Pharmacol. 2015 Jan 19. [na imprensa]

Ciência/Animais: Um canabinóide sintético aumenta os efeitos de medicamentos anticonvulsivos
Num modelo de epilepsia em ratos, o canabinóide sintético WIN 55,212-2, que se comporta de forma semelhante ao THC nos receptores de canabinóides, aumentou a actividade anticonvulsiva de medicamentos contra a epilepsia, como a gabapentina e o levetiracetam.
Departamento de Saúde Pública, Instituto de Saúde Rural, Lublin, na Polónia.
Florek-Luszczki M, et al. Pharmacol Biochem Behav 2015;130C:53-58.

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